sábado, 2 de março de 2019

O gato e o papagaio (Antônio Nunes)

O gato e o papagaio resolveram trabalhar juntos e firmaram uma parceria.
Pensaram para cá e para lá e decidiram abrir uma pizzaria.

O gato abria a massa e o papagaio espalhava o molho ainda morno.
O gato recheava as bordas e o papagaio cuidava do forno.

O negócio ia bem, mas não deu certo.
O papagaio comia a muçarela e o gato o atum,
quando o outro não estava por perto...

O sabor, me contaram, era algo indescritível.
Mas quando acabou a comida,
o papagaio tomou um susto terrível:
o gato sonhou com delicioso galeto...

Foi quando o papagaio pensou melhor a respeito:
bateu asas e foi se refugiar no alto de frondosa mangueira,
onde concluiu que tentar mudar a essência dos outros é tremenda bobeira.

Quem pensa em se aproveitar de um amigo,
ainda que mal não lhe queira,
em verdade, não pode sê-lo.
Não passa, pois, de grande perigo!

Fica aqui a moral desta história:
Abra o olho... e bata asas!


O gato preguiçoso (Antônio Nunes)


O gato preguiçoso não queria acordar,
Abria um olho, fechava o outro,
E voltava a cochilar...

O gato preguiçoso não queria levantar,
Espichava uma pata, espichava a outra,
Lentamente a espreguiçar...

O gato preguiçoso não saía do lugar,
Pisoteava a almofada, dobrava a espinha,
E se punha a bocejar...

O gato preguiçoso não queria se esforçar,
Se enrolava nas minhas pernas,
E ficava a ronronar... 

O gato preguiçoso não queria se movimentar,
A comida estava no prato, mas ele nem ia lá,
Preferia o petisco que estaria por ganhar...

À noite o gato sumia 
e se dedicava à cantoria 
quando o ouvíamos a miar: 
Miiiiiau!! Miiiiau!!