Penso
que os poetas gostam de gatos.
Eu
não fujo à regra.
E
o gato que não tenho
sobe
no meu armário,
desarruma
meus vestidos
e
se esconde das visitas inesperadas.
O
gato que não tenho é macho e se chama João.
Ele
passeia entre as peças de cerâmica
do
aparador da sala e não quebra nada.
O
gato que não tenho é um equilibrista.
Ele
tem uma independência que me seduz.
Brinca
como criança e sabe ser feliz
com
pouca coisa.
O
gato que não tenho é elegante, prateado
e
de olhos cor de ardósia,
mas
não é o Chico.
O
gato que não tenho finge que não existo.
Mas
seu lugar preferido é perto dos livros.
Acho
que João gosta de ler.